quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Livro Novo (mas sem personagem)

19: 20

Tive uma ideia sensacional para meu livro novo. Sério, a ideia era muito boa. Era sobre um personagem, na verdade, era um personagem, e ele ia resolver toda a narrativa para mim, a história ia se contar sozinha, eu só teria que escrever, a história é guiada por seus personagens, a história é o que seus personagens fazem, nem importa muito como eles são ou o que pensam, talvez o que pensam seja importante, mas o essencial é que o personagem tenha um conflito dentro dele que faça o Leitor querer prosseguir, saber o que vai acontecer, querer virar as páginas, partindo do princípio que o livro que ainda nem começou a ser escrito, ou mal começou a ser escrito, vai ser publicado em livro, livro de verdade, de papel, que dá pra pegar, cheirar e até – heresia! – sublinhar algumas passagens.

O problema é que eu estava fazendo nem lembro o que e não anotei minha ideia genial. E de tão genial, e especialmente porque não anotei, eu esqueci. Sério, tentei pescar na memória, mergulhar no mar sem fundo do inconsciente, e necas. Meu personagem, seu conflito e a história sumiram sem deixar vestígios. Voltamos a estaca zero. Lembro que era um homem (bom, já é um começo) e talvez ele estivesse deitado, talvez estivesse de camisa branca. Mas por que deitado e, sobretudo, por que de camisa branca? Não faço a menor ideia. Talvez ele estivesse em um apartamento, talvez sentado em um sofá da minha infância, que lembro vagamente de ter almofadas quadriculadas cor-de-vinho. Era esse mesmo o cenário? Que droga, só preciso de uma pista, um fio de cabelo, qualquer coisa que dê um pontapé na história e me faça querer escrever amanhã. Mas pelo menos até aqui, que talvez seja o meio, talvez seja o fim deste segundo parágrafo, meu personagem e seu conflito continuam desaparecidos.

De tudo isso, o bom é que fechei o facebook – onde ninguém lê (repito: ninguém lê, tirando bobajada) e vim escrever. Na verdade, posso dizer que neste exato momento o facebook me ajudou a escrever, porque este blog de muitos acessos e poucos comentários, o qual sempre compartilho na wasteland do facebook, está ganhando um pedaço de literatura, que se não é literatura “séria” (as aspas são propositais), é literatura. Provavelmente não vou encontrar meu personagem antes do fim do texto. Já perdi tempo procurando o maldito cabo do celular para tirar fotos dos meus livros e colocar no face, a única coleção de fotos que vale a pena a gente perder (ou passar) tempo olhando. Aliás, belíssima ideia da Luciana. Mas não achei cabo nenhum, nem coloquei foto, e pior: mal li a parte que tenho que apresentar para o trabalho de Psicologia das Relações amanhã de manhã (é óbvio que vou ler e estudar daqui a pouco, mas a literatura – as always – foi mais urgente).  

Nada de personagem e o texto chegou ao fim. Tudo bem, daqui a pouco ele aparece. É só continuar escrevendo.

19:37

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Livro Novo

Comecei a escrever livro novo hoje.

Isso é tudo o que sei dele até o momento.

Tive uma aula muito fera sobre Procrastinação hoje, a arte de deixar para depois as coisas importantes. A arte de começar a fazer uma coisa e parar para fazer outra coisa, e parar para fazer outra coisa, ad infinitum. Tipo quando começo a escrever um texto e paro porque preciso ver os e-mails mais uma vez, até completar as 352 vezes que vejo e-mails por dia. Ou quem sabe quando começo a escrever um texto, e paro para ir lá fazer um café (neste momento me vem à mente a ideia de ir lá tomar mais uma xícara, mas vou exercitar o foco. Tenho que escrever, tenho que produzir, tenho que concluir o post para este blog de muitos acessos e poucos comentários, tenho que.). Paro para pensar: o que vem agora? Momento distração. Lembro que também pensei que hoje é um dia para estabelecer um horário de leitura, uma hora por dia pelo menos, podia ser das 11 até por volta da meia-noite, tipo o jazz (vamos ver quanto tempo vai durar, rá rá). Mas hoje ouvi que “nunca haverá um dia ideal” e pensei que o único dia realmente ideal é hoje. Então decidi começar a escrever livro novo hoje. Hoje que ganhei como exercício monitorar os horários do meu dia, das 7 da manhã até meia-noite (no quadradinho 14:30 da segunda-feira vou colocar, orgulhosamente, escrever. Quem sabe escrever livro novo). Sempre deixei para depois, no verão achava muito quente, no inverno muito frio, só vou escrever quando for outono, mas hoje o céu está maravilhosamente cinza (gosto de dias grey, e daí?). 

Então escrevo. 

Escrevo livro novo. 

Quer dizer, comecei a escrever livro novo. 

Sobre o que vai ser? Talvez depois que eu terminá-lo eu saiba do que se trata, que nem a Isabel Allende faz. Pensei que podia ter um personagem que não sabe o que vem a seguir (qualquer semelhança é mera coincidência, é-claro). Mas também pensei que poderia aproveitar o material dos vários e-mails catárticos que troco com uma certa constância (“Pequenas Obsessões”, é um bom título). Neste momento a ideia de tomar mais uma xícara de café, como Professor Girafales e Dona Florinda, volta a me assombrar. Não posso, tenho que escrever meu livro novo, digo para meu eterno interlocutor imaginário. Esse lance de fluxo de consciência é uma doideira, o texto capta praticamente o meu cérebro em voz alta, e já ouvi que escrevo como falo, que as pessoas (as que leem, sabia que a média de leitura do brasileiro é de um mísero livro por ano?) me veem falando quando escrevo aqui, me dá sono, penso que este raro momento está tão quieto que dava até para tirar um cochilo, ninguém ia perceber, mas não posso porque tenho que escrever livro novo. Antes, tenho que mandar este texto para a professora, aliás, queria deixar um abraço para a Carmem Castro, cuja aula me fez escrever hoje, inclusive tive a ideia para este post e para a frase “comecei a escrever livro novo hoje”, embora já tivesse pensado nessa frase antes. Ou acho que pensei (inconsciente se manifestando?). Acabo de lembrar que amanhã tenho aula sobre desenvolvimento infantil, daqui a pouco as provas já estão chegando, tenho quilos de coisas para ler. Fora os livros destruídos (75% da cultura da Grécia foi perdida, sabia disso?), a Arca da Aliança e as tábuas perdidas com os Dez Mandamentos na História Universal da Destruição dos Livros. Então preciso estudar e a xícara de café vai ficar para a próxima. Mas quem sabe um chimas? Ou olhar meus e-mails agora? Ver videos no youtube, tirar um cochilo, passear pela floresta enquanto o lobo não vem? 

Mas não era nada disso que eu queria dizer.

Só queria dizer que comecei a escrever livro novo hoje.

Mas por enquanto isso é tudo o que sei dele.

terça-feira, 3 de setembro de 2013

Escrever é Sexual

Pensar em libido e em sexualidade me deu vontade de escrever. Digamos que minha libido foi despertada por juntar as palavras aqui na página em branco. É bem provável que você, que já chegou na terceira frase deste texto, esteja esperando que eu vá falar sobre sexo agora, mas – desculpem, meninos e meninas – hoje descobri o que já sabia: libido e sexual querem dizer prazer, não necessariamente o genital, que é como 99% das pessoas que estão lendo este texto acreditam que seja. Sim, foi isso o que Freud quis dizer. A pulsão, o querer fazer, querer escolher (diferente dos animais, que só têm instintos), aquilo que nos dá prazer. O café é sexual. Escrever é, definitivamente, sexual. Ler, é claro, é sexual. Libido para o cérebro – não é um barato? Jazz e rock são sexuais. Pagode, desculpem o termo, é brochante. Mas claro, tem quem desperte a libido com um pagodinho (tem louco para tudo, não é mesmo?).

Pulsão. Querer fazer. Motivação. Tenho pensado em me aventurar no Nanowrimo, e correr feito louco para escrever um livro em um mês em novembro (ou pelo menos chegar perto das 50.000 palavras da linha de chegada), enquanto meus três livrinhos estão aos cuidados dos juízes divinos (ou força do acaso, se você não acredita). Enquanto isso, chegou ontem o Psicologias, e tenho quilos de coisas outras para ler, mas por enquanto passo a tarde cuidando do meu textículo (texto pequeno, para vocês que só pensam em sexo), e em seguida temos o estudo para uma prova de técnicas de pesquisa e metodologia. Não desperta muito a minha libido, confesso, mas vá lá: pelo menos já escrevi, atualizei este blog de muitos acessos e poucos comentários, e penso que já está na hora de começar a planejar um livro novo, quem sabe tomar outro café, curtir um som, curtir inclusive o friozinho que já está quase indo embora.

Vai dizer que isso não é sexual?